Invenção desenvolvida na Fiocruz obtém patente nos EUA
Um dispositivo para alimentação complementar para recém-nascido de risco, desenvolvido pela fonoaudióloga do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) Nádia Rodrigues Mallet, recebeu, em novembro, a concessão da patente no escritório oficial americano United States Patent and Trademark Office (USPTO). O produto, que surgiu da observação da profissional em sua rotina diária na UTI Neonatal do Instituto, visa a uma maior adequação dos copinhos utilizados como método alternativo de alimentação.
“O principal objetivo do novo dispositivo é favorecer o aleitamento materno para os recém-nascidos pré-termo e a termo internados em unidades de tratamento intensivo neonatais ou mesmo em domicílio”, explica Nádia, que destaca ainda seu papel como facilitador da prática da amamentação durante a internação e após a alta hospitalar.
Para a coordenadora do Sistema Fiocruz de Gestão Tecnológica e Inovação (Sistema Gestec-NIT), Maria Celeste Emerick, a concessão da patente americana indica a capacidade do IFF para geração de resultados inovadores. “O USPTO é muito rigoroso na avaliação do requisito da novidade, indispensável para a concessão de uma patente”, afirma. Ela também ressalta os potenciais desdobramentos desta conquista. “Com o registro nos Estados Unidos, a Fiocruz amplia consideravelmente a possibilidade de inserção do copinho no sistema de saúde brasileiro, com perspectiva de sua utilização também no mercado hospitalar internacional”, comemora.
Segundo dados do Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde no Brasil, fornecidos pelo Ministério da Saúde, entre 2008 e 2009, o total de leitos neonatais no País apresentou um aumento significativo, passando de 1.922 para 7.363. Também de acordo com dados do MS, o Brasil conta hoje com mais de 300 unidades credenciadas na Iniciativa Hospital Amigo da Criança (Ihac), cobrindo cerca de 30% dos nascimentos no País. Esses hospitais são, certamente, um mercado em potencial para o produto desenvolvido no IFF.
O dispositivo tem capacidade para 60 ml de leite, volume que, segundo Nádia, costuma ser oferecido a um recém-nascido com peso de 2 mil gramas na alta hospitalar, e permite esterilização em autoclave e demais técnicas. Além de possuir tampa de pressão e possibilitar a visualização do volume de leite que chega à boca do bebê, proporcionando segurança no armazenamento e na administração da dieta, a fonoaudióloga explica que o bico dosador e as ondulações redutoras de fluxo facilitam a coordenação da sucção, deglutição e respiração do recém-nascido, ajudando nas habilidades orais e facilitando a pega no seio materno.
Em 1999, quando foi credenciado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) na Ihac, o IFF passou a utilizar copinhos para alimentar os bebês internados em substituição às mamadeiras e chuquinhas, que podem colocar em risco o sucesso da amamentação e ocasionar outros malefícios para a criança, como problemas de fala e arcada dentária. “Mas os produtos fabricados até então não atendiam às necessidades específicas desse público e acabavam funcionando como mais um obstáculo ao processo de alimentação alternativa e à amamentação dos recém-nascidos”, esclarece a criadora do novo dispositivo. Foi pensando nessa demanda que ela começou a desenvolver o produto, que teve a patente brasileira concedida, em 2009, pelo Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI).
Publicado em 04/12/2013.
Fonte: Portal Brasil